Por que os cristãos foram chamados de “seita dos nazarenos”?
Na sua acusação perante o governador Félix, Tértulo disse que o apóstolo Paulo era “o principal agitador da seita dos nazarenos” (Atos 24:5).
A palavra seita significa “grupo religioso que se separa de um corpo maior” (Dicionário da Bíblia de Almeida). Por ter suas raízes entre os judeus, muitas pessoas consideravam a igreja primitiva uma seita judaica.
Foram chamados nazarenos porque Jesus foi criado em Nazaré, um pequeno povoado na Galiléia (Mateus 2:13-23). Esta cidade não foi mencionada no Antigo Testamento, e foi vista como um local pouco importante no Novo Testamento.
A pergunta de Natanael reforça a insignificância do lugar. Quando Filipe falou sobre Jesus de Nazaré, Natanael perguntou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1:45-46).
Entendimento desta atitude nos ajuda a compreender Mateus 2:23 – “E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.”
Alguns explicam este versículo procurando palavras semelhantes, como nazireu (Juízes 13:5,7) ou renovo, que vem do hebraico neser, em Isaías 11:1. Mas estas explicações não parecem muito satisfatórias.
Observamos que, neste versículo, Mateus não citou uma profecia específica, como fez em várias outras ocasiões (cf. Mateus 1:22-23; 2:5-6,15; 3:3; 4:14-16; etc.). Ele falou de ensinamento dado por intermédio dos profetas que foi salientado pela residência de Jesus neste lugar pouco importante. Esta citação pode ser comparada com o ensinamento de Jesus em Lucas 24:25-27,44-47. Ele não citou profecias específicas, mas apresentou a imagem do Cristo conforme o ensinamento geral sobre o Messias. Da mesma forma, Mateus 2:23 não cita uma profecia específica, mas fala sobre a imagem geral do Messias como uma pessoa desprezada. Por exemplo, ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens ... e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Isaías 53:3; cf. 49:7). Davi profetizou do Messias: “Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo” (Salmo 22:6).
Descrever Jesus como nazareno era uma maneira de resumir as profecias sobre o Salvador desprezado. Identificar seus seguidores como a “seita dos nazarenos” comunicou o mesmo desprezo dos discípulos.
Jesus, o nazareno desprezado e rejeitado, é o Rei e Senhor de todos!
– por Dennis Allan
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