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    sábado, 8 de maio de 2010

    A Questão do Sangue:



    Artigo 4: Transplante de Órgãos - CANIBALISMO!

    OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Muitas das publicações citadas neste documento são dos originais em inglês. Note que até 1985 não havia sincronismo no lançamento dos artigos de "A Sentinela" e "Despertai!" do inglês para o português. Assim, para efeito de comparação das nossas citações deve-se sempre usar as edições americanas das revistas ou o CD-ROM Watchtower Library 1993 edition (que contém revistas mais antigas).


    por Jan S. Haugland

    TAL COMO NO CASO DO SANGUE, a Watch Tower Society originalmente não tinha objeções aos transplantes de orgãos. Numa seção intitulada Perguntas dos Leitores na The Watchtower [A Sentinela - edição americana], de 1 de Agosto de 1961, página 480, a questão dos transplantes de orgãos é respondida conclusivamente:

    • Existe alguma coisa na Bíblia contra uma pessoa dar os seus olhos (depois de morta) para serem transplantados em alguma pessoa viva? — L. C., Estados Unidos.

    A questão de a pessoa colocar o seu corpo, ou partes dele, à disposição de homens de ciência ou médicos no momento da morte para fins de experiências científicas ou substituição em outras pessoas, é vista com desagrado por certos corpos religiosos. Contudo, não parece que qualquer princípio ou lei das Escrituras esteja envolvido. Portanto, esse é um assunto que cada indivíduo tem de decidir por si mesmo. Se ele está convencido na sua mente e consciência que esta é uma coisa certa a fazer, então pode fazer essa provisão, e ninguém o devia criticar por fazê-lo. Por outro lado, ninguém devia ser criticado por recusar entrar em qualquer de tais acordos.”

    Tendo em conta os pontos de vista pouco ortodoxos a respeito das práticas médicas demonstrados pela Watch Tower Society em questões anteriores, não é surpreendente que a Sociedade tenha encontrado alguns “princípios Bíblicos” aplicáveis a esta questão, na próxima vez que o assunto surgiu, em 1967:

    • Existe alguma objecção das Escrituras à doação do nosso corpo para uso em investigação médica ou à aceitação de orgãos para transplante dessa fonte? — W. L., U.S.A.

    . . . Quando existe um orgão doente ou defeituoso, a maneira normal em que a saúde é restaurada é tomando nutrientes. O corpo usa o alimento para reparar ou curar o orgão, substituindo gradualmente as células. Quando homens de ciência concluem que este processo normal já não funciona e sugerem remover o orgão e substituí-lo diretamente com um orgão de outro humano, isto é simplesmente um atalho. Aqueles que se submetem a tais operações estão assim vivendo da carne de outro humano. Isso é canibalístico. Contudo, ao permitir que o homem comesse carne animal, Jeová Deus não deu permissão aos humanos para tentarem prolongar as suas vidas por tomarem canibalisticamente nos seus corpos carne humana, seja mastigada seja na forma de orgãos inteiros ou partes do corpo tiradas de outros.” (The Watchtower, [A Sentinela - edição americana], 15 de Novembro de 1967, p. 702)

    Muitas pessoas ficariam surpresas com a ideia de que um transplante de orgão é canibalismo, mas a Watch Tower Society argumentou que era este o caso. E mais uma vez as Testemunhas de Jeová teriam de alinhar nisto. Elas deviam preferir morrer ou ficar aleijadas em vez de aceitar um transplante de orgão.

    Tal como no caso das vacinas, recorreu-se a ciência fraudulenta para apoiar a ideia de que os transplantes de orgãos eram errados. Para a Watch Tower Society, tem sido sempre de importância primária dar às Testemunhas de Jeová a ideia de que as regras os beneficiavam mesmo. E tal como as Testemunhas de Jeová têm estado convencidas de que as transfusões de sangue são más e prejudiciais para elas, foram expostas ao mesmo tipo de propaganda no que respeita aos transplantes de orgãos:

    “Um aspecto peculiar às vezes assinalado é o assim chamado 'transplante de personalidade.' Isto é, o receptor em alguns casos parece ter adotado certas características da personalidade da pessoa de quem o orgão veio. Uma mulher promíscua que recebeu um rim da sua irmã mais velha, que era consevadora e bem comportada, a princípio pareceu estar muito perturbada. Então ela começou a imitar a sua irmã em grande parte da sua conduta. Outro paciente disse que recebeu um modo de ver a vida diferente, depois do seu transplante de rim. A seguir a um transplante, um homem de temperamento brando tornou-se agressivo como o dador. O problema pode ser em grande parte ou totalmente mental. Mas pelo menos é interessante que a Bíblia liga os rins às emoções humanas.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Setembro de 1975, p. 519)

    Na mesma revista, alguns relatórios médicos a respeito de certos riscos das transfusões de sangue são generalizados para fazer parecer que os benefícios são praticamente zero e os riscos são grandes. Já vimos este procedimento nas tentativas da Watch Tower Society de demonizar as vacinas, vemo-lo usado em transplantes de orgãos e, como veremos mais à frente, é especialmente evidente em declarações acerca das transfusões de sangue.

    Uma motivação curiosa por detrás desta opinião a respeito dos transplantes de orgãos é uma ideia peculiar a respeito do coração. Tal como o artigo acima sugeria fortemente que um transplante de orgão causava uma mudança emocional, a Watch Tower Society argumentou que nós de fato pensamos com o nosso coração literal! Quando a Bíblia menciona o coração como o local das nossas emoções e desejos mais profundos, as pessoas entenderão isto simbolicamente, compreendendo que estas coisas se localizam fisicamente no cérebro. Isto é, a menos que seja um líder da Watch Tower Society:

    “A maioria dos psiquiatras e psicólogos tendem a dar muita importância à mente e a permitirem pouca ou nenhuma influência do coração carnal, encarando a palavra “coração” como sendo meramente uma figura de estilo nos casos em que não se refere à identificação do orgão que bombeia o nosso sangue. . . . O coração é uma bomba múscular maravilhosamente concebida, mas, mais significativamente, as nossas faculdades emocionais e motivações têm nele a sua origem. Amor, ódio, desejo (bom e mau), preferência por uma coisa em vez de outra, ambição, ideia — de fato, tudo o que contribui para nos motivar e que se relaciona com as nossas afeições e desejos provém do coração.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Março de 1971, p. 134)

    Algumas Testemunhas de Jeová ainda se lembram de um drama no congresso “Nome Divino,” no verão seguinte, sobre este tópico, em que o ponto de que realmente armazenamos informação nos nossos corações foi ilustrado por modelos gigantes e brilhantes de um coração e de um cérebro! Não será necessário dizer, as Testemunhas de Jeová que tinham nem que fosse só um pouco de conhecimento de ciência ou medicina ficaram profundamente embaraçadas por estes ensinos. Eu sou demasiado novo para me lembrar disto, mas recordo-me claramente do momento em que me apercebi pela primeira vez de que este era de fato o ensino da Watch Tower Society, e embora não tenha argumentado com o meu pai, eu estava extremamente céptico a repeito desta ideia — e naquela altura eu andava na escola primária! O que eu infelizmente não percebi foi o perigo de permitir que homens com tal raciocínio superficial baseado em ciência charlatã decidam assuntos de vida ou de morte para uma comunidade de milhões de Testemunhas de Jeová.

    Esta não era uma questão puramente académica! A proibição dos transplantes de orgãos baseava-se neste conceito, que também tinha sido importante na proibição das vacinas, há muito rejeitada. Para instilar nas Testemunhas de Jeová medo dos transplantes de orgãos e especialmente transplantes de coração, foram relatadas as seguintes alegações fraudulentas:

    “Medical World News (Notícias Médicas Mundiais, 23 de Maio de 1969), num artigo intitulado “What Does a New Heart Do to the Mind?” (“O Que é Que um Novo Coração Faz à Mente?”) relatou o seguinte: “No último ano, no Stanford University Medical Center, um homem de 45 anos recebeu um novo coração de um dador de 20 anos e pouco depois anunciou aos seus amigos que iria celebrar o seu vigésimo aniversário. Outra pessoa que recebeu um coração decidiu viver à altura da reputação do proeminente cidadão local que fora o dador. E um terceiro homem expressou grande medo da feminização depois de receber um coração de mulher, embora tenha ficado de certa forma consolado quando soube que as mulheres vivem mais tempo do que os homens. Segundo o psiquiatra Donald T. Lunde, um consultor da equipa de transplantes do cirurgião Norman Shumway em Stanford, estes pacientes representam algumas das aberrações mentais menos graves [o itálico é nosso] observadas na série de 13 transplantes que Shumway realizou nos últimos 16 meses.” O artigo continua: “Embora cinco desses pacientes tenham sobrevivido até ao princípio deste mês, e quatro deles estivessem em casa fazendo uma vida razoavelmente normal, três dos que não sobreviveram tornaram-se psicóticos antes de terem morrido, no último ano. E dois outros tornaram-se psicóticos este ano.” ” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Março de 1971, p. 134)

    A ideia segundo a qual uma pessoa teria a sua personalidade modificada por um novo orgão também foi usada, como vimos, em apoio da proibição de vacinas. E como veremos a seguir, a mesma ideia é usada para aumentar a histeria anti-sangue entre as Testemunhas de Jeová. Quando a Watch Tower Society argumentou acerca dos perigos dos transplantes de sangue, esta ciência fraudulenta foi de novo aplicada.

    “É significativo que pacientes que receberam um transplante de coração, nos quais os nervos que ligam o coração e o cérebro foram cortados, tenham problemas emocionais sérios depois da operação. O novo coração ainda está capaz de funcionar como uma bomba, tendo o seu próprio fornecimento de energia e mecanismo horário independente do sistema nervoso geral para dar impulso ao músculo do coração, mas como agora só responde de forma lenta a influências externas, o novo coração regista no cérebro poucos ou nenhuns elementos distintos de motivação. Até que ponto as extremidades dos nervos do corpo e do novo coração estão aptas a fazer algumas ligações a tempo, não é claro, mas este não pode deixar de ser incluído como um dos vários factores que provocam as graves aberrações mentais e desorientação que são observados, segundo os relatos dos médicos, em pacientes que receberam um transplante de coração.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Março de 1971, p. 135)

    No mesmo artigo, a Watch Tower Society até argumentou que as pessoas que aceitavam um transplante de coração perdiam a sua personalidade, e insinuaram fortemente que as pessoas que tinham corações transplantados eram de fato pessoas sem coração!

    “Estes pacientes têm bombas para o seu sangue fornecidas por dadores, mas será que têm todos os fatores necessários para que se possa dizer que têm um “coração”? Uma coisa é certa, ao perderem os seus próprios corações, foram-lhes retiradas as capacidades do “coração” construídas neles ao longo dos anos e que contribuíam para a identidade da personalidade deles.”

    O conselho que a Watch Tower Society deu a respeito de situações quotidianas, baseado no seu entendimento literal do coração e da mente era por vezes cómico (embora não intencionalmente):

    “Para ilustrar, suponha que chega o momento em que tem de fazer uma decisão a respeito de comprar um novo fato ou vestido. Primeiro, a mente é confrontada com certos fatos. Talvez as roupas antigas estejam ficando sem utilidade ou existe a necessidade de uma mudança por uma boa razão. O coração também entra muito na questão, pois existe o desejo do coração de parecer apresentável. O coração e a mente estão de acordo em que um novo vestido ou fato seja adquirido. A mente reúne informação acerca de preços, qualidade, estilos, e outras coisas semelhantes, de forma que quando for às compras tenha uma ideia razoavelmente boa acerca de qual o fato ou vestido que devia ser comprado. Mas quando chega à loja, lá na janela está um artigo vistoso, à espera do comprador impulsivo. Não é realmente prático para si; envolve muito mais dinheiro, é muito extravagante no estilo; mas atormenta o coração! “É o deleite do coração!” O que fará agora? Que decisão será feita? Será uma decisão prática, racional, ou uma decisão de acordo com este novo desejo do coração? Se não for muito cuidadoso, o coração oprimirá a mente.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Março de 1971, p. 140)

    Durante o período em que tanto os transplantes de orgãos como as transfusões de sangue eram proibidos, eram colocados em pé de igualdade na literatura da Watch Tower Society. Num caso, quando uma Testemunha de Jeová anónima que era um cirurgião escreveu a história da sua vida na revista Awake!, mencionou os perigos das transfusões de sangue:

    “Foi especialmente gratificante para mim ver em primeira mão evidência da veracidade das directivas da Bíblia a respeito do sangue. A própria profissão médica tem vindo a reconhecer gradualmente que o sangue não é um salva-vidas inócuo. A transfusão de sangue é agora reconhecida como um procedimento perigoso — tão arriscado como qualquer outro transplante de orgão.” (Awake! [Despertai! - edição americana], 22 de Março de 1974, p. 21)

    Ele também acrescentou:

    “Hoje também se fala muito de transplantes de vários orgãos — rins, corações, pulmões e fígados. . . . Devido aquela que penso ser a opinião do Criador a respeito dos transplantes de orgãos, tenho sérias reservas quanto à sua correção do ponto de vista das Escrituras.” (ibid. p. 23)

    Pequenos apontamentos na literatura da Watch Tower Society não apenas contaram histórias acerca dos horrores das transfusões de sangue, mas também apresentaram alguns relatos muito exagerados dos perigos dos transplantes de orgãos. Em muitas revistas Awake!, encontramos sob o tema “Observando o Mundo” notas como estas:

    “Horror das Transfusões

    • Dois bebés foram infectados com sífilis devido a transfusões de sangue na Kiel University Clinic da Alemanha no último ano, relata o Wiesbadener Kurier. A infecção espalhou-se aos pais. Desconhecendo a causa, pelo menos uma das famílias envolvidas ameaçou separar-se, cada conjuge acusando o outro de infidelidade. Embora a verdade tenha sido descoberta no tribunal, o dano estava feito. “Duas pessoas terão dito uma à outra coisas das quais se envergonharam quando souberam a verdade,” refere o artigo.

    Mais Complicações Relacionadas com os Transplantes

    • Foi relatado recentemente que a incidência de cancro é 100 vezes maior entre os que recebem transplantes do que entre a população em geral. Contudo, frequência dos tumores cerebrais é “cerca de 1.000 vezes maior,” segundo o Dr. Wolff M. Kirsch, da University of Colorado Medical Center. A terapia prolongada de supressão da imunidade para impedir a rejeição do novo orgão muitas vezes enreda o paciente “numa rede de processos patológicos,” diz ele. As hipóteses de ajudar tais pacientes são consideradas “desoladoras.” ” (Awake! [Despertai! - edição americana], 22 de Fevereiro de 1974, pp. 30-31)

    Não será necessário dizer, que os escritores da Watch Tower Society vasculham jornais e revistas de todo o mundo à procura destes artigos, e é claro que nunca fazem uma única referência que seja aos resultados positivos das transfusões de sangue ou de transplantes de orgãos enquanto estas duas práticas forem proibidas.

    Esta proibição sobre os transplantes de orgãos não podia ser mantida muito tempo. A causa directa para a mudança não é dada; a Watch Tower Society diz meramente que isso é “um assunto para decisão consciênciosa por cada um.”

    “• Devia ser tomada acção na congregação se um Cristão baptizado aceitar um transplante de orgão humano, como por exemplo uma córnea ou um rim?

    No que diz respeito ao transplante de tecido humano ou osso de um humano para outro, este é um assunto que deve ser decidido conscienciosamente por cada uma das Testemunhas de Jeová. Alguns cristãos talvez sintam que receber nos seus corpos qualquer tecido ou parte do corpo de outro humano é canibalístico. . . . Outros Cristãos sinceros podem achar hoje que a Bíblia não proíbe definitivamente transplantes médicos de orgãos humanos. . . . Também se pode argumentar que transplantes de orgãos são diferentes de canibalismo visto que o “dador” não é morto para fornecer comida.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 15 de Março de 1980, p. 31)

    Tal como tinha acontecido quando acabou a proibição sobre as vacinas, não houve uma palavra de desculpa àqueles que tinham sido adversamente afectados. Além disso, a Watch Tower Society é hipócrita quando finge que “Cristãos sinceros talvez pensem” seja o que for além do que lhes foi ordenado que pensassem. Tal como no caso da proibição do sangue, “Cristãos sinceros” não têm a liberdade de pensar, eles só são “livres” de fazer exatamente o que a Watch Tower Society lhes ordena que façam. Quando Testemunhas de Jeová arriscaram individualmente a vida, fizeram-no porque isso lhes foi ordenado sob ameaça de desassociação, e porque eles acreditaram que a Watch Tower Society falou por Deus. O facto de terem voltado ao ponto de partida em duas questões médicas principais mostra com toda a certeza que no assunto da medicina a Watch Tower Society não fala por Deus.

    Depois da mudança, as histórias de horror acerca dos transplantes de orgãos pararam, enquanto relatos exagerados dos perigos das transfusões de sangue continuam até ao presente. No que respeita aos transplantes de orgãos, a mudança de opinião da Watch Tower Society é visível neste artigo:

    “Transplante de Coração sem Sangue

    Outubro passado, Chandra Sharp, de três anos de idade, deu entrada num hospital em Cleveland, Ohio, U.S.A., com um coração que não estava apenas dilatado como também a falhar. Ela foi alimentada, o seu crescimento ficou atrofiado, o seu peso era apenas 19 libras [9 Kg], e precisava de um transplante de coração. Só lhe foram dadas poucas semans de vida. Os pais dela concordaram com o transplante, mas não com a transfusão de sangue. Eles são Testemunhas de Jeová.

    Isto não constituiu um problema para o cirurgião, o Dr. Charles Fraser. O The Flint Journal, de Michigan, relatou em 1 de Dezembro de 1993: “Fraser disse que a Clínica de Cleveland e outros centros médicos se estão a tornar adeptos de realizar muitas cirurgias — incluindo transplantes — sem a infusão do sangue de outra pessoa no paciente. 'Aprendemos mais acerca de como conservar o sangue, e como trabalhar com a máquina de respiração artificial usando outras soluções diferentes do sangue,' disse Fraser.” Depois ele acrescentou: Alguns hospitais de especialidades tem estado a fazer há décadas grandes operações cardio-vasculares sem transfusões de sangue. . . . Nós tentamos sempre fazer cirurgia sem sangue (transfundido).” ” (Awake! [Despertai! - edição americana], 22 de Maio de 1994, p. 7)

    Em vista da anterior proibição sobre os transplantes — transplantes de coração em particular — este súbito louvor de transplantes de coração sem sangue destila ironia. Pois então o coração não tem funções para além de apenas bombear o sangue? Não, isto tinha sido mudado há dez anos:

    “O que devemos então entender pela palavra 'coração'?. . . . Como é espantoso o número de diferentes funções e capacidades que é atribuído ao coração! Será que todas estas residem no coração literal? Dificilmente seria esse o caso. . . . em cerca de um milhar de outras referências ao 'coração' na Bíblia, 'coração' é obviamente usado num sentido figurativo. . . . obviamente, tem de ser feita uma distinção entre o orgão coração e o coração figurativo.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Setembro de 1984, pp. 3-7)

    Em outra reviravolta irónica, vemos que menos de dois anos depois a mesma revista declara:

    “Os antigos Egípcios acreditavam que o coração físico era a origem da inteligência e das emoções. Eles também pensavam que o coração tinha vontade própria. Os Babilónios disseram que o coração abrigava o intelecto bem como o amor. O filósofo Grego Aristóteles ensinava que esse orgão era a fonte dos sentidos e o domínio da alma. Mas à medida que o tempo passou e o conhecimento aumentou, estas opiniões foram abandonadas. Finalmente, o coração tornou-se conhecido pelo que que é, uma bomba que faz circular o sangue por todo o corpo.” (The Watchtower [A Sentinela - edição americana], 1 de Junho de 1986, p. 15)

    O artigo não lembrou o leitor que a Watch Tower Society tinha ensinado o mesmo que estes povos antigos até há apenas dois anos antes! Uma Testemunha de Jeová inquiridora que não se lembrasse desta proibição nunca adivinharia. O Índice das Publicações da Torre de Vigia 1930–1985 foi cuidadosamente trabalhado para que fosse removida qualquer referência a “transplantes de orgãos.” Este embaraçoso capítulo na história da Watch Tower Society estava agora fechado, e só os mortos e os feridos foram deixados para trás.


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